27 setembro 2010

O Papel do Imperador em Bizâncio

 

justiniano O exercício do poder na sociedade bizantina passava necessariamente pela figura do Imperador. Ele representava de forma direta o centro de convergência de autoridade que da coesão aquela sociedade. Sua identificação com o sol é uma evidência de como essa sociedade atribuiu ao Imperador não somente um cargo político mas um ofício que preservava a existência daquela sociedade. Esse ofício encontrava na tradição romana sua base de formação política e também simbólica.

Ele também era tido como o representante de Deus e comandante-chefe do povo. Existia uma contradição nessa relação simbólica de poder pois o Imperador teria que comprovar seu poder com vitórias militares. Caso não acontecesse ele poderia ser deposto. Isso mostra que a sociedade bizantina aliou a idéia de conquistas militares à afirmação do Imperador enquanto soberano.

Esse Imperadores tinham sua memória preservadas também pela ação da Igreja Ortodoxa que atuava como uma ferramenta de rememorar a vida e feitos desses imperadores, inclusive da suas mortes. Isso colocava essas pessoas em um lugar privilegiado no mundo simbólico dessa sociedade. Era no seu habitat, o palácio, que o Imperador “brilhava seus raios” de resplendor que alcançavam a todos. Esse local torna-se um forte símbolo na formação do poder político e religioso dessa sociedade. O local onde o Imperador habitava era de fato um local onde o poder emanava para os servos e as decisões sobre o destino de Constantinopla eram tomadas e assim conhecidas pela população que mantinha seus olhos fitos nessa “cidade dentro da cidade”. Era através das cerimônias que esse poder era apresentado à sociedade bizantina a qual validava seu representante divino concededo-lhe as honrarias enquanto representante divino. Os imperadores também usavam de meios ousados para que seu poder fosse reconhecido diante de diplomatas de outras nações. AS técnicas variavam entre a ciração de sons estrondosos quando esses diploamtas se prostravam diante do Imperador, até engenhocas que elevavam o trono do Imperador diante dos líderes dessas nações estrangeiras.

Dessa forma, o poder simbólico do Imperador bizantino foi sendo formado na mentalidade dessa sociedade que via em seu líder maior o símbolo do poder e da homogeneidade cultural e religiosa.

 

Gerson Freire – História Medieval

13 setembro 2010

Ética, Moral, moralidades e afins…

O estudo da moral e da ética aparece como um grande desafio em tempos onde as verdades são relativizadas ao conhecimento experimental a tácito. Em um momento quando o ser humano individualista é cada vez mais o centro de imanência da verdade, falar sobre moral e ética torna-se um exercício complexo e instigante.

Os textos apresentados propõem a discussão com duas abordagens distintas. O texto base apresenta de forma pedagógica como o conceito da ética foi sendo desenvolvido a partir do Ethos grego, e continua a apresentar como esse termo foi sendo interpretado pela língua latina. Já o artigo jornalístico faz uma relação entre os fatos cotidianos dessa sociedade e o discurso moral da mesma.

Ética e Moral são termos que estão sempre próximos e carregam sentidos correlatos. Uma existe por causa da outra, no caso, a moral existe posteriormente à ética. Por vez, a moral vem se tornando um instrumento perverso (moralismo) contra a própria ética. Enquanto a moral apresenta um conjunto de valores definidos como plausíveis e de bem comum a ética coloca o limite entre o que é o dever do ente para que o bem comum aconteça.

Em termos valorativos o moralismo torna-se o exercício de um código cultural que promove a ascensão de um grupo em detrimento de outro. Nesse aspecto o moralismo não leva em consideração a universalidade de qualquer valor, desprezando assim a possibilidade de um diálogo ético e criando detentores de uma verdade que aniquila o outro e o coloca em desvantagem.

Contudo, moral pode ainda sim ter sua base na ética. Esse seria o exercício da percepção do que é verdade eterna, universal e construtiva do ser. Quando uma sociedade define que roubar é errado, a partir da relação ética do ato, logo se estabelece uma norma que visa o bem comum baseado no todo e em prol do todo. Nesse caso a moral trabalhou em favor da ética. Isso significa que o ato do roubo é danoso em todas as suas estâncias não devendo fazer parte da conduta daquele grupo.

No aspecto religioso o moralismo torna-se um mecanismo doentio de controle e repressão criando um ambiente hostil na relação comunitária e devocional. O termo apresentado no texto – idolatria da vontade - é brilhante, pois denuncia de fato o que está por traz do moralismo religioso. Nesse aspecto o artigo estudado também corrobora para o entendimento do moralismo. Ao denunciar a relativização de atos fraudulentos o autor aponta para uma conversão necessária quanto se trata de moral e fé. Colocando o moralismo enquanto uma patologia é também uma abordagem interessante. O moralismo é, portanto, a distorção da moral e muitas vezes a negação da ética.

Em tempos de redefinições de valores pra uma sociedade ocidental, que vê suas desgraças dia a dia nos jornais e nas conversas cotidianas, entender como aplicar a definição da ética nas relações interpessoais torna-se necessário e urgente. O artigo da jornalístico estudado faz uma provocação quando trata da interiorização da maldade e e coloca essa atitude como uma forma de percebermos o outro. Esse método apresentado me fez lembrar o comentário de Jesus acerca do que contamina o homem; aquilo que sãi dele. Tereza de Ávila dá uma dica simples, mas profunda, quando se trata de ética: Conhece-te a ti mesmo. A relação do conhecimento do bem e do mal, do que é certo e do que não é certo, faz do ente um campo de possibilidades.

Redefinir o termo moral é tarefa árdua porem não impossível. Um sistema de valores firmados na ética poderiam sim fazer com que a moral fosse repensada. A questão é que a disputa nas relações de poder sempre vai de encontro a esse ideal. Enquanto um grupo, dono de uma moral, quiser subjugar outro, a moral estará fadada ao moralismo e suas doenças sociais. Nesse aspecto sou realista, o que torna minha jornada mais árdua, pois percebo na maldade humana, fruto da queda, uma incessante luta pelo poder, ainda que na micro esfera (Foucault), que faz com que a ética seja um alvo desejado mas nem sempre alcançado.

Contudo, a ética e a moral vividas a partir da espiritualidade sadia e cristocêntrica podem ganhar dimensões marcantes e que reflitam a verdade, ainda que no microcosmo (família, trabalho, relacionamentos). Essa é o exercício da esperança em meio ao caos.

A sociedade posmoderna encontra no termo ética uma possibilidade de se reorganizar, de rever ações que por séculos vem trazendo danos às comunidades. As questões ambientais são um exemplo disso. Nasce uma moral ambiental que agora orienta a atitude de empresas e organizações ao redor do mundo. Qual será o moralismo que essa moral produzirá? Teremos que aguardar pra saber essa resposta.

A busca por uma verdade universal faz com que as sociedades vislumbrem um ponto de convergência, ainda que no mundo das idéias. Esse é o grande desafio desse momento do mundo ocidental, a saber, a relação com essas novas bases morais que vem sendo postas com profundo desejo ético de bem estar, pelo menos a retórica governamental é essa.

Refletir sobre esse assunto é necessário e coloca o assunto na pauta de uma boa formação teológica. Identificar o moralismo religioso é o principio de uma cura desejada por aqueles que amam a liberdade em Cristo. Apresentar um projeto que valorize a moral enquanto ferramenta de aplicação da ética é fundamental para mestres e líderes que ajudam a outros na caminhada de fé.

 

gerson freire